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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Da manutenção do preconceito

Pobre Profeta Eliseu. Infelizmente , é um preconceito que vem de longa data! Não foi à toa que Eliseu mandou dizimar os moleques. Aqueles moleques nutriam verdadeiro asco pelos pouca-telhas! Mas também, pudera! Desde que o mundo é mundo ensinam as nossas crianças a odiarem os carecas! Minha afilhada sempre que me vê, fecha a cara. Se recusa a falar comigo. Às vezes, chora. Um dia confessou. "Eu não gosto de homens carecas!" Pode uma coisa dessas?! E continuou chorando. Mas não é culpa dela. Desde pequenos somos obrigados a ouvir canções torpes e maquiavélicas: "Eu vi uma barata na careca do vovô. Assim que ela me viu bateu asas e voou." Você canta isso na escola, brincando de roda. Canta sem pensar. Sem refletir. Mas a mensagem está lá. Subliminar! Construindo um ser horrível, um caráter péssimo! Por que o diabo do vovô tinha que ser careca? E ainda colocam uma barata pra pousar na cabeça do coitado. Isso quer dizer o quê? Que, no mínimo, as crianças aprendem que a careca é um lugar nojento, fétido, imundo. Um lugar onde as baratas se sentem à vontade! Entre uma lata de lixo, um esgoto à céu aberto e uma careca reluzente, a barata não tem dúvida: A careca do vovô!! As crianças vão desenvolvendo esse ódio carecofóbico desde cedo até mesmo porque os vilões da infância são todos carecas! Elas se acostumam a ver o mundo assim! O Lex Luthor, arqui-inimigo do Super-homem? Careca! O Cabeça-de-Ovo, do Batman? Careca. O Sargento Pincel, dos Trapalhões? Careca. Super-herói tem topete, vilão é careca! Aliás tem uma coisa que quase ninguém sabe e é bem curiosa. O Lex Luthor é careca, certo? Todo mundo sabe que o cara é invejoso, que odeia o Super-homem, que quer dominar o mundo, mas ninguém sabe que a culpa do coitado ser careca é do próprio Super-homem!!! Sério. A história é a seguinte: um belo dia de sol, Lex Luthor que era amiguinho de infância de Clark Kent, (pra quem não sabe essa é a identidade secreta do Super-homem, só que ele bota o óculos e fica irreconhecível!) estava fazendo uma experiência em seu laboratório quando algo dá muito errado e o laboratório explode em chamas! O Super-homem, que na época ainda era o Super-boy, pra salvar o amigo dá um super-sopro pra apagar o fogo. Só que para o desespero de Lex, o ambiente estava infestado de Kryponita que se espalha pelo ambiente, afetando diretamente os seus cabelos que nunca mais foram os mesmos. Até aí tudo bem, né? Um acidente... coisas que acontecem... o pobre do Clark Kent não teve culpa. O problema é a mensagem intrínseca na historinha!! O cara perde os cabelos e pira!! Resolve odiar a tudo e a todos, a querer destruir o planeta, dominar o mundo e matar o Super-homem. Ou seja, a bicha enlouquece! Taí a mensagem subliminar: todo o careca é mal resolvido! É um verdadeiro complô. E as crianças lêem essas histórias... Um é careca e é mau. O outro tem topete, usa cueca sobre as calças e é bom! A criança cresce com essa idéia: todo careca é mau! Todo careca é mau! O careca vai te pegar! Vê um careca na rua e começa a chorar! Agora, imagina se fosse o contrário? Se o Batman, Homem-aranha, o Capitão América fossem carecas? Aí a careca seria um orgulho, um ícone infantil! Todos iriam querer comprar carecas falsas no Saara e brincar de super-pouca-telha! Festa de aniversário com o tema do careca! Lancheiras e cadernos escolares com o Kojak na capa! Ah, o mundo ideal! Não custa sonhar!

Um comentário:

  1. Muito pertinente
    nao tinha me dado conta deste complô
    abaixo aos vilões carecas, e as cuecas apertadas dos super-heróis !!!1
    Rafael Eiras

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