No tempo das cavernas o homem pré-histórico era cabeludo. Sim, tinha muito cabelo, cabelo por todo o corpo. Os pelos serviam pra protegê-los do frio, já que ainda não tinham inventado a roupa. Eram como animais selvagens, brigavam por comida, por mulheres, por abrigo. Estes seres irracionais peludos, homens de Neandertal, eram selvagens que ainda não conheciam o fogo, a roda, o ferro. Sim, eram homens em seu estado bruto, quase irracionais, mas com um puro instinto de sobrevivência. Até que um dia, a evolução chegou. Deixamos de andar curvados, desenvolvemos habilidades de linguagem, os pelos pelo corpo foram se tornando mais ralos e, num ápice da evolução darwiniana, um deles revelou-se sem cabelo. Um ser estranho sem nada que lhe cobrisse o crânio. Como toda a novidade causa estranhamento, no começo, tiveram medo, agiram desconfiados, apavorados pela diferença. Depois entenderam que aquele era o líder. Uma espécie superior. E o líder lhes apresentou roupas e eles gostaram. Mostrou-lhes o pente, e eles gostaram mais ainda. Mostrou-lhes o chapéu e eles riram pra caralho. E quando aprenderam a desenhar nas cavernas e a se expressar, aprenderam também a ridicularizar aquele que tanto havia contribuído para sua evolução. Invejando sua superioridade biológica, compararam-no a um ovo de pterodáctilo. Riram da sua falta de pelos e convenceram as mulheres de que ele era perigoso e que deviam se afastar rapidamente daquele sujeito completamente nú nas suas partes superiores. E assim, como todo líder espiritualizado, foi crucificado, alijado, jogado à margem da pré-história. O homem evoluído sequer sobreviveu aos historiadores que o ignoraram cruelmente. Intimidado, recolheu-se, pensando que seus pares ainda não estavam preparados para a Grande Mudança! E desde então, estes seres especiais tiveram de recorrer a perucas, tônicos e pentear os poucos fios que lhes restavam para cima, por vergonha de sua condição. Desde que o mundo é mundo, o homem não sabe conviver com as diferenças! A Evolução é para poucos. Aqueles que brilham. E irradiam sua luz! Outros, ainda se mantém no tempo das cavernas!
Desventuras de um desprovido de cabelo! Crônicas de Marcos França. 2011. Todos os direitos reservados.
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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
O Calvius Androgenéticus
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