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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

De como o sonho de ser um cantor de Rock foi por água abaixo.

O mundo é injusto. Uma vez eu quis ter uma banda de Rock. Eu era adolescente e sonhava em encantar as meninas com um puro "Rock n´ Roll" estilo Beatles. Meus sonhos (e os cabelos) começaram a ruir quando percebi que não havia astro do Rock careca. Fui fazer um teste pra uma banda da escola. Disse: quero cantar. E os caras riram. Como? Com essas entradas? Levei um choque. Eu ainda não tinha notado elas, pois que há coisas que nos recusamos a enxergar mesmo que estejam à nossa frente, gritando. Ainda assim, insisti. O que tem a ver cabelos e musicalidade? Os caras me convenceram. O Rock é cabeludo, bicho! Como eu iria rodar a cabeça no meio de um solo de guitarra e mostrar toda a rebeldia da minha geração? Como iriam estampar na capa de um disco um cara como eu? Não dava. Não vendia. Mude o estilo, recomendaram. Toque samba. Bolero. Quem sabe uma Seresta? E riam muito. Riam, enquanto mexiam em suas longas madeixas. Triste. Na saída, ainda ouvi comentarem entre eles: Porque não tenta uma vaga no "NENHUM DE NÓS"? No "PLACA LUMINOSA"? No "UNS E OUTROS"? Vá lá, no "HERÓIS DA RESISTÊNCIA"! E foi assim, que minha promissora carreira de músico sequer começou. É bom deixar bem claro que meu pai não é careca. Nem minha mãe. Sim, como eu disse, o mundo é injusto. Meu pai tem uma vasta cabeleira. Tem topete. E quase nenhum cabelo branco. O que me faz pensar que essa pouca-telhice talvez não seja hereditária, como dizem os especialistas. Cabelo é uma coisa muito estranha. Dizem que quando você morre, os cabelos não param de crescer. Continuam, durante um tempo. Você tá lá, mortinho da silva, debaixo da terra e eles, crescendo. Se fizer a exumação de um cadáver é capaz de se deparar com uma caveira cabeluda. Bizarro. No meu caso, eles morreram antes mesmo de mim. Injusto!

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