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terça-feira, 1 de março de 2011

Dos disfarces.

E tem a questão do boné. Do chapéu. Da boina. Da bandana. Logicamente, a maioria acha que usamos estes apetrechos por vergonha de nossa condição. Ou seja, pra grande parte da população nosso objetivo é somente esconder o que Deus não nos deu. Mas não. É uma questão prática. Explico. Nossa pele superior é muito sensível. Muito fina. E estamos propensos a todo o tipo de atrocidades. Desde bolinhas de papel num comício a escarradas que caem do céu diretamente em você. Em cheio. Somos uma espécie de mira para pessoas que não tem mais o que fazer. Tiro ao alvo. Gente normal vale 5 pontos, velhinhos 10, carecas 20. Se acertar o cuspe bem no meio do tobogã de piolho, 50. Mas o grande problema na verdade, é climático. No verão o sol incide diretamente sobre nós. Como não temos nada que detenha nosso suor, as gotas escorrem pela nossa face e caem diretamente em nossos olhos. Que ardem loucamente. A careca fica vermelha e depois de alguns dias descasca. Placas de pele morta vão caindo por seu corpo. Viramos uma lua cheia com crateras expostas. No inverno é o contrário. O frio penetra no seu couro não cabeludo e não tem pra onde fugir. Você pode vestir todo o tipo de casaco, cachecol, luva, sobretudo, ceroulas, que não adianta. Se a cabeça está desprotegida, é como se você estivesse nu. A careca é um termômetro natural. Tem carecas que de tão sensíveis conseguem medir a temperatura ambiente . Nesse momento, no Rio de Janeiro, 32º. Alta de 35 em Bangú e mínima de 22 no Alto da Boa Vista. Chuva é foda. Primeiro que aqueles pingos machucam pacas. Depois porque vão escorrendo, entrando os olhos, na orelha, no nariz e em segundos você não consegue enxergar mais nada. Por isso os acessórios. Pra nos defender desse mundo hostil. Proteção! Outra coisa que as pessoas não entendem é porque muitos carecas adoram usar barba. Ora, pra ter algo pra pentear! E coçar. E cortar. E fazer tranças. E ter a ilusão de que a qualquer momento podemos girar a cara em 180 graus e sair por aí.

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